quinta-feira, 5 de novembro de 2015

1.

Alves era um homem. Tomava café com leite e usava o computador. Os espaços do mundo destinados a ele eram pequenos e escassos. Seu quarto não era muito maior que sua mesa no escritório, com seus vastos 3m2. Seus papeis viviam tão jogados quanto suas roupas. Suas roupas viviam tão amassadas quanto seus papeis. Metade da sua vida se encontrava desconfortavelmente guardada no bolso de trás da sua calça, dentro de sua carteira - que pelo incômodo causado às suas nádegas, vivia jogada em mesas e encostos; Alves gostava de viver perigosamente. Alves gostava de mulheres. Certas mulheres gostavam de Alves. Os escassos espaços também incluíam os buracos dessas certas mulheres, periodicamente preenchidos pelo membro de Alves. Cabeçudo, Alves podia dizer com segurança que o único espaço privado que frequentava que não era nem pequeno, e nem escasso, era sua própria cabeça. Seus pensamentos eram mais organizados que seus papeis. Suas memórias eram mais claras que a água que bebia, da torneira, todos os dias.

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